“A Pátria Portuguesa não foi o fruto de ajustes políticos, criação artificial mantida no tempo pela ação de interesses rivais. Foi feita na dureza das batalhas, na febre esgotante das descobertas e conquistas, com a força do braço e do gênio.” – SALAZAR
Antônio de Oliveira Salazar nasceu no dia 28 de abril de 1889 na mesma residência humilde onde seus pais viviam, perto da estação da estrada de ferro de Santa Comba Dão, às três horas da tarde. Seus padrinhos foram Antônio Xavier Perestrello e D. Maria de Pina Perestrello. O jovem rapaz viveu em um lar pobre, ausente dos luxos e brios que muitos da aristocracia costumavam ter.
Mesmo sendo de origens humildes, Salazar teria uma grandíssima carreira. Tornar-se-ia seminarista no Colégio de Viseu, onde iria formar grande parte de seu pensamento político, com os ensinamentos de São Tomás de Aquino e as lições da Doutrina Social da Igreja nas encíclicas de Leão XIII. Mesmo na época em que a Monarquia portuguesa encontrava-se em declínio, ainda mantinha um pensamento monárquico, vendo como uma representação das tradições da nação lusa, com seu já conhecido glorioso passado Imperial. Viria a escrever um poema que exalta a Bandeira Azul e Branca da Monarquia Portuguesa. A parte que mais definiria o futuro pensamento do Estado Novo, estaria resumida neste extrato:
“Oh! Bandeira azul e branca!
Azul, como o belo céu,
Branca, cor dos brancos anjos…
Que grande encanto é o teu!
As cores da nossa bandeira
Vieram ambas do céu!”
O Patriotismo Nacionalista exposto pelo amor à bandeira portuguesa, nos versos do poema, está repleto de espiritualismo. A Pátria que tanto Evangelizou teria as cores dos céus em sua bandeira, a branca cor dos anjos e a azulada cor dos céus. Este Nacionalismo seria intrinsecamente Cristão desde o princípio, já em seus tempos de Jovem, e torna-se ainda mais forte e definido como Estadista: “Portugal nasceu à sombra da Igreja e a religião católica foi desde o começo elemento formativo da alma da Nação e traço dominante do caráter do povo português.”[1] Salazar, que desde o princípio, fora um Nacional-Corporativista, teria apenas a necessidade de desenvolver suas ideias.
Com o dealbar da República portuguesa, a perseguição à Igreja se tornou uma realidade. Julgando — coerentemente — que tal perseguição era injusta, Oliveira Salazar decide: ir para Coimbra cursar direito, pois havia julgado que seria de mais utilidade no campo jurídico do que no sagrado. Em Coimbra, Salazar encontrava-se entre os marxistas e Integralistas, veementes oponentes surgidos após a queda do regime monárquico. Na cátedra, surgem diversos grupos de intelectuais tradicionalistas, e um destes foi o Centro Acadêmico de Democracia Cristã, tendo como base a DSI, principalmente a carta encíclica Rerum Novarum de Leão XIII. Assíduos defensores do Corporativismo, modelo este que, de acordo com Rodrigues Mattos, “Portugal não foi estranho ao movimento corporativo que então, como hoje regia os destinos econômico-sociais de vários países da Europa.”[2] A concepção de Democracia Cristã — que posteriormente guiaria, igualmente, o Estado Novo – seria a mesma de Meinvielle, que leciona: “A democracia cristã, pelo simples fato de se dizer cristã, deve apoiar-se sobre os princípios da fé divina como sobre sua própria base.”[3] Salazar viria, posteriormente, a dirigir o militante Centro Católico Português, fruto do CADC.
Nesta jornada intelectual, como grande influenciador do Centro Católico e do CADC, Salazar já teria maturado seu pensamento. No dia 30 de maio de 1926, após uma Missa, Salazar é surpreendido por oficiais do exército. Dois dias antes, aos gritos de Gomes da Costa de “Às armas, Portugal!”, inspirados pelo regime de Primo de Rivera no país vizinho, os militares haviam tomado o poder. Salazar estava sendo convidado a assumir a pasta das finanças, iniciando sua carreira governativa.
O ESTADISMO DE SALAZAR
“Sei muito bem o que quero e para onde vou!” – Este era o lema pessoal de Salazar. Seu Estadismo estaria alicerçado em bases sólidas de Corporativismo e Nacionalismo, retirando Portugal do caos político e social que enfrentava desde o nascimento da tumultuada república. Nos princípios da chamada “Ditadura Nacional”, houve a dissolução das Câmaras e dos partidos, instituindo um governo forte. É válido ressaltar o quão fracassada foi a República Portuguesa, que com sua completa inabilidade de consertar os problemas da nação, fez-se necessária uma Revolução. Salazar definia a situação portuguesa durante o início do regime republicano com apenas uma palavra: desordem. “A Presidência da República não tinha força nem estabilidade. O Parlamento oferecia constantemente o espetáculo do desacordo, do tumulto, da incapacidade legislativa ou do obstrucionismo […] Aos ministérios, faltava coesão; não podiam governar, mesmo que alguns governantes desejassem fazê-lo.”[4]
Salazar realiza uma extensiva reforma na pasta das finanças de Portugal. Apesar de cirúrgico trabalho feito em uma economia caótica, o Estadista não define sua obra como “moderna” ou “revolucionária”, mas ainda reconhece o sucesso vitorioso de tão hercúleo afã. Em seu discurso de posse, Salazar já haveria dito: “Nós temos uma doutrina e somos uma força.” A perfeita síntese de tal doutrina governativa mentalizada pelo sábio jurista seria: “O Estado corporativo português é unitário e constituído por dirigentes e produtores, não por uma classe , mas por todos.”[5] É necessário entender que em uma época de excessos totalitários, conceitos novos de Estadismo surgiram-se. Miguel Reale, doutrinador Integralista, escreve em sua obra, “O Estado Moderno”: “O Estado é, pois, um organismo complexo de forma jurídica, mas de conteúdo político-histórico, tendente a se identificar com a Nação, não materialmente no sentido de absorver os indivíduos e os grupos, mas espiritualmente no sentido de exprimir os seus valores mais altos.”[6] Este conceito de Estado Sadio, moderno, francamente Integral e Orgânico, também está presente no Estadismo de Oliveira Salazar: “O Estado é por si mesmo, e qualquer que seja a sua forma, uma construção política derivada de um sistema de conceitos fundamentais: conceito e valor da Nação, conceito da pessoa humana e dos seus direitos, fins do homem, prerrogativas e limites da autoridade.”[7] Em linhas gerais, é o Estado Moderno, o Estado Ético e francamente Orgânico. O Estado Novo é, integralmente, a organização das forças nacionais para atingir suas aspirações. É o Estado onde o povo é legitimamente representado. O Estado que inspira-se em Cristo e vai para Cristo.
A organização corporativa constitui a base racional sobre a qual se há de alcandorar, o Portugal engrandecido e nobilitado daquém e dalém mar.
Porque foi a Revolução Nacional saída do movimento de 28 de Maio que permitiu a revelação de um grande Chefe do Estado — o venerando General Carmona, e a revelação de um grande estadista — o Prof. Doutor Salazar, invoquemos o Exército, a arrancada épica de Braga e a memória do Marechal Gomes da Costa, o glorioso cabo de guerra.
– Rodrigues de Mattos
Estas são as bases de Oliveira Salazar. O Estadismo Nacional-Corporativo lusitano é um exemplo das verdadeiras aspirações do Estado, da necessidade real dos trabalhadores. Não são necessários mil e um partidos, ministérios e agendas políticas diversas. É necessário um Estado Forte. Não forte o suficiente para cair em Absolutismo, mas fortemente sadio. Que fortemente defende e ama a Deus, que fortemente defende a sua Pátria, que ama fortemente seu povo. O Governo de Salazar estava assentado nestas bases: Deus, Pátria e Família. A Bíblia Sagrada reza: “Feliz a nação que tem o Senhor por seu Deus, e o povo que ele escolheu para sua herança.” Salmos, 32-12 (Bíblia Ave Maria). Oliveira Salazar fez Portugal ser forte. Fortaleceu o Nacionalismo num Império em decadência. Fez um Império Novo dos escombros de uma velha Monarquia, bradando aos quatro cantos do mundo: “nós não discutimos a Pátria.”
28 DE MAIO SEMPRE
Atualmente, a Nação Portuguesa passa por um dos seus piores períodos desde o início da República. De “Orgulhosamente Sós!” para uma Nação dependente da UE, vítima de um governo esquerdista que não representa seu povo. Mais uma das centenas de abstrações das liberais-democracias ao redor do mundo. Atualmente, Portugal encontra-se em um culto mórbido, a comemoração de sua própria morte: o 25 de Abril. A “revolução” realizada pela esquerda nada de bom trouxe a Portugal. Apenas trouxe desordem, caos e desunião.
É necessário resgatar os verdadeiros heróis da Pátria de Afonso Henriques. Nenhuma Nação deve comemorar dias de infâmia, dias onde abandonou-se Deus, abandonou-se o Patriotismo, jogou a família à própria sorte. Por isso, é necessário um exame de consciência. A lição de Salazar não ilumina apenas a pátria dos lusos, mas é uma grande lição para todos os povos da terra: não se discute Deus, a Pátria e nem a Família.
28 de maio sempre. A Revolução Patriótica que retirou Portugal das garras do mais danoso Liberalismo, que defendeu a nação do mais utópico Comunismo. Deu ao mundo lusófono o maior dos Estadistas, doutrinador do Corporativismo, exemplar Nacionalista. A alvorada de Portugal se dará quando a mocidade portuguesa, formando legiões de portugueses Nacionalistas e Patriotas, gritarem uníssonos:
“Tudo pela Nação, nada contra a Nação!”
Autor: J.M.
Notas:
[1] SALAZAR, António de Oliveira. Antologia de Discursos. In: Como se Levanta um Estado. Rio de Janeiro: Editora Pátria Nova, 2022. p. 120
[2] MATTOS, José Rodrigues de, Corporativismo em Portugal. Lisboa: Edição da União Nacional, 1936. p. 8.
[3] ALMADA, João de, Salazar (1889-1970). São Paulo: Editora Três, 1974. p. 63.
[4] SALAZAR, António de Oliveira, Como se Levanta um Estado. Rio de Janeiro: Editora Pátria Nova, 2022. p. 13.
[5] MATTOS, José Rodrigues de, Corporativismo em Portugal. Lisboa: Edição da União Nacional, 1936. p. 12.
[6] REALE, Miguel, Obras Políticas (1ª Fase – 1931/1937). Volume II. Brasília: UnB, 1983. p. 134.
[7] SALAZAR, António de Oliveira, Como se Levanta um Estado. Rio de Janeiro: Editora Pátria Nova, 2022. p. 33.